O ativista brasileiro Thiago Ávila, de 38 anos, iniciou uma greve de fome em protesto contra sua detenção por autoridades israelenses. Ele é um dos doze ativistas presos durante a interceptação da embarcação Madeleine, da Flotilha da Liberdade, em águas internacionais. A embarcação levava alimentos e medicamentos para a Faixa de Gaza, região afetada por bloqueio imposto por Israel.
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Foto: Instagram |
A deportação, no entanto, ainda não foi executada porque o brasileiro se recusou a assinar um documento em que assumiria ter cometido crime ao tentar entrar em Israel sem autorização. Outros ativistas, como a sueca Greta Thunberg, já foram liberados após assinarem o termo.
“Ele é um preso político. Por isso, não aceitou assinar. Foram sequestrados em águas internacionais”, afirmou Luciana Palhares, da Flotilha da Liberdade Brasil.
Banidos por 100 anos
De acordo com o grupo, os oito ativistas que permanecem detidos foram informados pelas autoridades israelenses de que estão proibidos de entrar em Israel pelos próximos 100 anos.
A esposa de Thiago, Lara Souza, disse que o prazo legal para a deportação seria de 72 horas após a detenção, mas uma nova audiência foi marcada para o dia 8 de julho, caso não haja repatriação até lá.
Acusação de crime de guerra
O caso ganhou repercussão no Brasil. O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) classificou a ação de Israel como um crime de guerra e pediu ao governo brasileiro que suspenda relações diplomáticas e comerciais com Tel Aviv.
“A interceptação de embarcação civil com finalidade exclusivamente humanitária, em águas internacionais, configura grave violação aos tratados internacionais ratificados por Israel”, declarou o CNDH em nota oficial.
Governo brasileiro se posiciona
O Itamaraty confirmou que está acompanhando o caso e prestando apoio consular a Thiago Ávila. Em nota publicada na noite de terça-feira (10), o Ministério das Relações Exteriores condenou a interceptação do barco em águas internacionais, considerando-a uma transgressão ao direito internacional.
“O Brasil clama pela libertação de seu nacional e insta Israel a zelar pelo seu bem-estar e saúde”, afirmou o ministério.
Ajuda humanitária sob bloqueio
A missão da Flotilha da Liberdade buscava romper o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza, que enfrenta uma grave crise humanitária. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 6 mil caminhões com alimentos e remédios estão retidos na fronteira com o Egito, enquanto cresce o número de mortes por fome no território palestino.
O governo israelense, por sua vez, argumenta que mais de 1.200 caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza nas últimas semanas por canais "seguros", e criticou a missão da flotilha, chamando o barco de “Iate Selfie” em uma postagem nas redes sociais.
“Há maneiras de entregar ajuda à Faixa de Gaza — elas não envolvem provocações e selfies”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores de Israel.
A ONU e organizações humanitárias, no entanto, criticam o controle israelense sobre a ajuda humanitária. Segundo Philippe Lazzarini, diretor da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), a distribuição atual é insuficiente e desumana.
“Nossos armazéns fora de Gaza estão lotados. Deixar comida apodrecer e medicamentos expirarem deliberadamente seria simplesmente obsceno”, disse Lazzarini.
Mobilização internacional
Inspirados pela ação da Flotilha, ativistas de mais de 50 países planejam uma marcha de três dias partindo do Egito em direção à cidade de Rafah, na fronteira com Gaza. A iniciativa, chamada Marcha Global a Gaza, busca denunciar o cerco e pressionar por mais acesso humanitário à população palestina.
Portal Rota
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